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O desafio da catequese urbana

Com certeza a Catequese encontra-se em um cenário tão desafiador como foi o de São Paulo e outros que é o de levar seus catequizandos a um encontro verdadeiro e pessoal com Jesus Cristo. Hoje o discípulo missionário precisa ser incentivado a fazer o que fez Paulo: Ter um espírito missionário.

Na verdade, a Igreja, no momento atual, encontra-se diante de vários desafios na sua missão evangelizadora, dentre eles a catequese no meio urbano. Para responder a esses desafios e para que a sua ação seja eficaz, fazem-se necessários caminhos novos e abertos aos problemas atuais, em que a modernidade quer pôr em xeque os valores e a própria linguagem da fé. A busca de soluções, quando apoiada apenas pela novidade, pode ser  arriscada e esvaziar o sentido da mensagem, pois o contexto em que se apresentam infinitas informações midiáticas, traz consigo uma nova lógica, que, nem sempre, apresenta elementos satisfatórios para uma melhor caminhada para a catequese e, até mesmo, para a evangelização. O conteúdo apresentado, às vezes, são as próprias convicções do meio. Com a catequese tem que ser diferente, ela deve irradiar uma mensagem de sentido porque os seus interlocutores são diversos. A linguagem realmente necessita ser atualizada, mas sem se adulterar, pois há valores permanentes, e estes são inegociáveis.

É necessário buscar orientações na Bíblia, fonte cristã, pois o evangelho traz revoluções e mudanças, ele é Boa Nova para todos a partir dos pobres.

Foi assim com o Apóstolo Paulo, aquele que inovou com seu jeito de evangelizar, buscando, na cidade, seu lugar de moradia, elementos para se fazer entender na mensagem que apresentava. É possível dizer que ele mudou substancialmente os exemplos para a evangelização.  Devemos lembrar-nos de que, nos evangelhos, o ambiente e a cultura apresentados são basicamente rurais, como as parábolas, o trabalho, a natureza etc. Paulo muda esse eixo, levando-o do povoado para a cidade. E é linda a ideia de “corpo” que ele demonstra (cf. 1 Cor 12,4-31), para dizer que cada um tem uma função, um serviço diferente, no trabalho e dentro daquela cultura em que se encontrava.
Pode-se dizer que Paulo foi um verdadeiro catequista e evangelizador, qualidade necessária aos catequistas, pois foi ele um grande testemunho do que Jesus fez e ensinou. Paulo, diante do desafio da cidade grande, formava comunidades. Falava em cidades com milhares de habitantes, como Atenas, Éfeso, Corinto etc. Mesmo acolhendo o diverso, não perdia o essencial, não relativizava nem a liberdade nem a salvação em Cristo (cf. Gl 5,1). Essa é a mensagem que Paulo sempre defendeu e transmitiu nas diversas situações, inclusive de discórdia com Pedro e com os notáveis de Jerusalém (cf. Gl 2,1-10). Era um homem muito dinâmico e não descuidava nunca do anúncio verdadeiro de Jesus.
É bom visitar as Cartas Paulinas, pois elas estão em contextos que podem assemelhar-se a alguns dos problemas atuais. Atualmente, o mundo se apresenta bem pluralista, com muitas igrejas discursando sobre um sagrado fascinante e misterioso, e há uma mudança de valores que demonstra transição para outra época. Também naquele tempo estavam acontecendo grandes mudanças. O Império Romano mesclava-se com o mundo grego, buscando nele a cultura urbana dos teatros, dos jogos olímpicos, dos banhos públicos. Havia também as praças, que eram lugares de trocas de idéias e filosofias, um mundo extremamente masculino (cf. Gl 3,28). Paulo traz o evangelho vivo de Jesus Cristo e o expande na sua mensagem para essa nova cultura com todos os seus desafios, inclusive da linguagem. Assim, ele levou o evangelho da cultura judaica para a Ásia, a Europa e a África.

As cartas de Paulo apresentam problemas existenciais, como a própria catequese com adultos, em que ele vai conduzindo diferentemente à medida que se apresentam os problemas e questionamentos, diferenciando o que era cultural e o que era essencial da fé. Algo bem possível de fazer na catequese hoje, como ele mostrou. Não que seja fácil, mas possível.
A grande finalidade da catequese é que cada pessoa cristã possa, um dia, dizer como Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20a).

QUEM É O SUJEITO, A META E O AMBIENTE DA CATEQUESE?

A comunidade cristã é o sujeito, o ambiente e a meta da Catequese. Família, Catequese e Paróquia, assumem, em comunhão, a responsabilidade por criar o ambiente, onde a fé de cada um possa crescer com o testemunho dos outros, esclarecer-se com a ajuda dos demais, celebrar-se em comum e manifestar-se a todos. Ninguém cresce sozinho e pelas suas mãos, como ninguém cresce na fé, sem a fé dos outros e sem a graça de Deus.

É no testemunho vivido da fé, que a Catequese encontra a sua base de apoio!

Entre os vários modos e momentos de evangelização, a Catequese ocupa um lugar de destaque.

Ela preocupa-se por anunciar a Boa Nova, àqueles que, de algum modo, já foram, ao menos, alguma vez, sensibilizados, seduzidos, ou tocados pela beleza da pessoa de Cristo. Espera-se que, de um modo organizado, esse primeiro anúncio, seja, a seu tempo e com largo tempo, esclarecido de boa mente, acolhido no coração, e que dê frutos de vida nova. E que essa vida nova seja expressa, partilhada e fortalecida, no encontro fiel da comunidade com Cristo Ressuscitado, na celebração dos sacramentos, particularmente da Eucaristia e da Reconciliação.

Na verdade, a vida cristã é um facto comunitário! *E se alguém, por hipotética ocupação, não pudesse dispensar mais que uma hora, por semana, para “estar com o Senhor”, deveria reservar esse tempo, para a participação na Eucaristia Dominical, que é verdadeiramente o ponto de chegada, o ponto
de encontro e o ponto de partida da vida e da missão da Igreja. A “ catequese” não é “um à parte”, uma “hora” para a educação religiosa ou cívica, como se fizesse algum sentido preocupar-se por não faltar a um encontro de catequese e faltar, sem qualquer justificação, à celebração da Eucaristia e aos compromissos com a vida da comunidade.

A Catequese não é uma “aula” de religião ou de moral, nem se dirige somente à capacidade de aprender e de saber bonitas coisas acerca de Deus, acerca dos sete sacramentos, dos dez mandamentos, da Igreja, da vida eterna. A Catequese propõe uma Pessoa e não uma teoria: “Jesus Cristo é o Evangelho, a Boa Nova de Deus”.

“A mudança de cultura exige catequistas mais bem formados e atualizados para enfrentar a diversidade da época. Terão que entender o mundo do individualismo subjetivista com uma marca de emoção muito grande. Então, o objetivo é formar líderes que toquem os corações e as mentes dos seus interlocutores, os catequizandos”, Dom Paulo Mendes Peixoto.

OS 10 MANDAMENTOS DO/A CATEQUISTA CALABRIANO

  1. Visitar as famílias dos catequizandos .
  2. Aos domingos, ir á Missa com os catequizandos.
  3. Apresentar aos catequizandos a biografia de São João Calábria: Seu estilo de vida, dificuldades, amor aos pobres, seu caminho de santidade.
  4. Ler a Bíblia e saber interpretá-la.
  5. Participar do ministério de liturgia de sua comunidade.
  6. Preparar bem os momentos celebrativos e envolver os catequizandos e seus pais: ( Ex: Missa do primeiro sábado de cada mês, oração antes de começar a o encontro, celebração da Palavra etc).
  7. Ensinar os catequizandos a rezar o terço, a coroazinha da Divina Providência e outras devoções cristãs.
  8. Ensinar a Missa parte por parte aos catequizandos.
  9. Participar dos encontros formativos promovidos pela Paróquia e Diocese.
  10. Confessar-se regularmente.

Pe. Adriano Carminatti,psdp

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Desafios do Trabalho com Juventude

A Pastoral da Juventude Paroquial realizou no dia 31/05/2010 o 15º EJC, retiro para jovens tradicional em nossa paróquia, porém o desse ano teve algo implícito, algo que poucos ejotistas conseguiram ver.

A Juventude vive em constante transformação, e a evangelização da Juventude deve seguir esse rítmo também. Durante as primeiras reuniões de preparação do 15º EJC  surgiram  perguntas sobre “Qual o objetivo do EJC?”, “O que os jovens de nossa Paróquia querem?” Essas perguntas nortearam todas as nossas reflexões.

Decidimos então fazer uma experiência inédita em nossa Paróquia. Decidimos perguntar aos jovens o que eles esperam da Igreja Católica e como eles vêem a realidade de extermínio da juventude que vivemos,  para a partir daí traçar as estratégias da evangelização.

Na tarde de 31/05/2010, no 15º EJC da Paróquia São João Calábria julgamos o comportamento de um Jovem marginalizado e a postura da Igreja Católica diante dessa realidade.

Segue a narrativa da história: Um jovem entre 14 e 24 anos foi cruelmente assassinado. Há relatos de que em seu começo de adolescência esse jovem frequentava regularmente a Missa, fazia catequese e participava de Grupo de Jovens, mas depois de um certo tempo esse jovem se distanciou das atividades dentro da Igreja, SUMIU. Há relatos também que nesse período em que o jovem se distancio da Igreja ele se envolveu com drogas, prostituição e criminalidade, não demorando muito, seu novo estilo de vida o levou para o caixão, esse jovem foi assassinado na rua e encontrado jogado a beira da estrada.

O fato que foi julgado refere-se a corresponsabilidade da instituição Igreja no fim desse Jovem, visto que sua formação como pessoa começou entre Missas, Catequeses e Grupos de Jovens.

Foram eleitos 2 assessores da PJ para fazer o papel de advogado de defesa e advogado de acusação. Um justificando o que levou o jovem a ter um vida tão desperdiçada e o Outro defendendo a postura da Igreja diante desses casos.

Após cada advogado colocar suas idéias, os jovens do 15º EJC foram divididos em 7 grupos e incumbidos de inocentar a Igreja ou condenar a conduta do Jovem.

Após 30 minutos de debate entre os grupos veio a decisão: Com uma votação apertada, 4 votos a favor da Igreja, 57% dos jovens ali presente julgaram condescendente a postura da Igreja diante dessa realidade cruel, julgaram que a Igreja já faz tudo o que lhe cabe pela evangelização dos jovens à Jesus Cristo. Mas 3 votos, 42% dos jovens acreditam que é possível fazer mais pela Juventude, 42% acreditam que a Igreja deve “arregassar” as mangas e mudar a forma de evangelização da Juventude.

O que fizemos nesse 15º EJC foi apenas uma dinâmica, não é uma história real, mas podemos tirar algumas conclusões bem concretas: Um pouco mais da metade da Juventude está confortável com a sua posição atual dentro da Igreja, vindo a missa regularmente, participando de eventos de massa, se encontrando finais de semana com amigos E que a outra parte da Juventude quer viver mais e melhor, querem mudar a realidade atual e concordam entre si que se nada for feito não haverá futuro para ninguém.

Essa dinâmica não teve e não tem o objetivo de julgar o pensamento de ninguém, mas nos incita a refletir O que é ter amor ao meu próximo, O que é perdoar, Qual realmente é minha missão como batizado.

Mas agora quero que reflitam outra coisa, Quem é esse Jovem que morreu cruelmente? Quem é essa Igreja que está confortável em sua posição? É realmente plausível que jovens se envolvam no mundo das drogas e violência e que nada se faz em nossas paróquias para tentar melhorar esse quadro?

O desafio do trabalho de evangelização com os jovens está na habilidade de saber viver e compreender as diversidades, nenhum jovem é igual a outro e não podemos esperar que o trabalho que funcionou com um determinado grupo de jovens funcione com outros jovens também, é necessário evoluir, modificar as estruturas, para só assim alcançarmos o objetivo de “Cada vez mais jovens se unam em torno de Cristo e com ele construam a civilização do Amor”.

Joilson Lemos

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