Queridos Missionários e Missionárias
Paz e bem a todos!
Somos todos agentes de pastorais e agentes de transformação, e como tais, precisamos nos tornar também animadores/as de nossas comunidades. Ser animador/a significa dotar de vida um organismo, encorajar, estimular, enriquecê-lo de dinamismo, vivacidade, movimento, expressão. Usa-se ainda o termo animar para se falar do fervor e entusiasmo em uma missão, como o caso de alguém que está animado de um grande zelo, ardor ou paixão pelo que faz, no vosso caso, uma comunidade que está animando.
“A alma é como o sangue que nutre e mantém a temperatura, como o respiro e a relação entre o mais íntimo e o que nos inspira e nos faz desejar”. (Frei Luiz Carlos Susin). E isso cria, no ser humano, uma tensão muito grande: somos frágeis, feitos do pó da terra, mas somos também um desejo infinito de divino, de imortalidade, somos imagem de Deus-Criador para nos relacionarmos com Deus e, como disse bem Santo Agostinho, “nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Deus”.
Como agentes de pastorais, animadores/as precisamos acolher, ouvir e fazer o que Jesus nos tem a dizer. Foi o que aconteceu com os discípulos de Emaús. Eles O acolheram na caminhada, um forasteiro que viajava sozinho, com Ele partilharam seus sofrimentos e depois O ouviram. Jesus os escuta e comunga de seus sofrimentos. Uma vez bem enturmado e tendo conhecimento da situação deles, e isso demorou, Jesus fala das Escrituras, mas de um modo diferente, isto é, com paixão e um profundo sentido. Os discípulos sentiam arder o coração, ao mesmo tempo, que compreendiam o que as Escrituras falavam de Jesus e sentiam animados e impulsionados para retomar a caminhada com Ele e com os irmãos/as na fé e assumir a missão recebida do Senhor ou em outras palavras a “pastoral recebida da comunidade”.
Pastoral vem de pastor, portanto, é a atividade pela qual a comunidade do Senhor Jesus, a Igreja, reúne, congrega, alimenta, corrige, cura e guia pessoas para se encontrarem pessoal e comunitariamente com Ele mesmo, como único Pastor e Senhor, e para se colocarem sob seu comando amoroso. Pastoral, segundo Jesus, o Bom Pastor por excelência (cf Jo 101-18), é a expressão do carinho paternal e maternal daquele que literalmente dá a sua vida por suas ovelhas e para que elas sejam salvas e tenham vida e vida em abundância (cf. Jo 10, 10).
O Pastor mobiliza e conduz as ovelhas por sua presença de liderança e por sua voz. As ovelhas reconhecem seu Pastor pelo seu modo de lidar com elas e pela voz, que é inconfundível. A Igreja, para exercer bem o pastoreio de Jesus, necessita desenvolver uma liderança amorosa e expressar bem a Palavra de Deus, que é inconfundível, como voz do Senhor. Esta Palavra deve permear cada pastoral e o conjunto das atividades pastorais, que devem existir e atuar de modo orgânico, centradas em Jesus Cristo, nas Escrituras Sagradas, na força da Eucaristia, no amor da comunidade e na ação missionária.
Sabemos que somente o Espírito Santo é capaz de nos fazer captar a sabedoria que está misteriosamente escondida na Palavra das Escrituras. É ele quem nos fornece a luz que nos faz penetrar nos mistérios ou segredos que Deus nos quer comunicar mediante sua Palavra. É ele, como aconteceu com Maria, que nos fecunda da Palavra encarnada, Jesus Cristo. E é por isso, que o anúncio e a vivência da Palavra adquirem força profética, porque, possuídos pelo dinamismo do Espírito, falamos em nome do próprio Deus, com a veemência Dele mesmo e com o poder que vem De seu amor libertador.
Não resta dúvida de que a paróquia vem sendo, como diz o documento de Aparecida, o lugar onde a maioria dos fiéis tem uma experiência concreta de Jesus Cristo e uma vida de comunhão com a Igreja local e universal (cf. DAp, n. 170). Esta renovação pastoral da vida paroquial implica em espaços da iniciação cristã, da educação e celebração da fé, aberta à diversidade de carismas, serviços e ministérios, atenta à diversidade cultural de seus habitantes. Formar e promover discípulos e missionários que correspondam á vocação recebida e comuniquem por toda a parte, transbordando de alegria e gratidão, o dom do encontro com Jesus Cristo. Este é o nosso tesouro maior: Jesus Cristo. Não temos outra felicidade e outra prioridade senão a de sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus cristo seja encontrado, conhecido, amado e seguido não obstante todas as dificuldades e resistências que encontramos ao longo da caminhada.
A todos nos toca recomeçar a partir de Jesus Cristo, reconhecendo que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DAp, n. 12;14). Pois, o cristianismo não é uma religião do livro, mas a religião de uma Pessoa, do próprio Filho de Deus, a Palavra feita pessoa humana e divina.
É preciso seguir as pegadas de Cristo fazendo-se discípulos e missionários do Mestre, numa Igreja que peregrina como Corpo de Cristo, Povo de Deus, em comunhão e participação a Serviço do Reino de Deus através de uma vigorosa opção pelos pobres e excluídos.
Que Deus Pai providente pela intercessão de São João Calábria nosso Padroeiro e de Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil nos abençoe e derrame suas benções sobre todos nós nesta tarefa evangelizadora.
Pe. Adriano Carminatti, psdp
Pároco
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