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Por que ir a Catequese?

Muitas pessoas podem perguntar: “Qual a importância de ir à catequese? É sempre a mesma coisa! O importante é a escola…”

Encontramos muita gente que já nem faz a pergunta, nem espera a resposta. Toma logo a decisão de se afastar da catequese, ou de não levar os filhos. A preocupação é puramente social: primeira comunhão, crisma para ser padrinho. Há quem diga que é sacramental. Eu digo social, porque se fosse sacramental exigia uma fé comprometida, o que não parece ser o caso.

Então para que serve afinal a catequese? Para aprender a doutrina. E o que é isso? Leis? A cumprir um regulamento, que muitos, sem conhecer e entender a fundo, consideram desactualizado?

Tenho algum receio da educação que hoje se transmite. Não porque ela esteja de todo errada. Era bom que na vida só pudéssemos fazer o que nos apetece, e que se procure satisfazer as vontades todas das crianças, sem a fazer pensar. O meu receio fundamenta-se nesta inquietação: os pais/sociedade preparam as crianças como se tudo corresse bem e não fossem encontrar nunca dificuldades na vida. Mas quem as prepara para as dificuldades? Quem as prepara para não se deixarem traumatizar pelos obstáculos e sofrimentos? “Quem as ensina a interiorizar, a usar as dores para crescer em sabedoria, a trabalhar as perdas e frustrações com dignidade, a agregar ideias, a pensar com liberdade e consciência crítica, a romper as ditaduras intelectuais, a gerir com maturidade os pensamentos e emoções nos focos de tensão, a expandir a arte da contemplação do belo, a dar sem contrapartida do retorno, a colocarmo-nos no lugar do outro e a considerar as suas dores e necessidades psicossociais”?

Na catequese, pretendemos revelar a pessoa que nos ensinou isso de um maneira extraordinária e inovadora: JESUS. E isso faz-se em diversos anos, para acompanhar a evolução intelectual e afectiva das crianças. Quando se descobre este Jesus, ficamos apaixonados e libertos. Crescemos interiormente. Encontramos força, energia, para vencer, aprender, crescer. Que nós, catequistas, nunca nos esqueçamos de mostrar a beleza de Deus. Não a ofusquemos com doutrinas frias. Elas serão melhor aceites e interiorizadas, depois de nos termos apaixonado por este AMIGO. E então, a doutrina não será uma prisão, mas apenas orientações para crescermos de forma equilibrada e feliz, com saúde mental e espiritual.

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O desafio da catequese urbana

Com certeza a Catequese encontra-se em um cenário tão desafiador como foi o de São Paulo e outros que é o de levar seus catequizandos a um encontro verdadeiro e pessoal com Jesus Cristo. Hoje o discípulo missionário precisa ser incentivado a fazer o que fez Paulo: Ter um espírito missionário.

Na verdade, a Igreja, no momento atual, encontra-se diante de vários desafios na sua missão evangelizadora, dentre eles a catequese no meio urbano. Para responder a esses desafios e para que a sua ação seja eficaz, fazem-se necessários caminhos novos e abertos aos problemas atuais, em que a modernidade quer pôr em xeque os valores e a própria linguagem da fé. A busca de soluções, quando apoiada apenas pela novidade, pode ser  arriscada e esvaziar o sentido da mensagem, pois o contexto em que se apresentam infinitas informações midiáticas, traz consigo uma nova lógica, que, nem sempre, apresenta elementos satisfatórios para uma melhor caminhada para a catequese e, até mesmo, para a evangelização. O conteúdo apresentado, às vezes, são as próprias convicções do meio. Com a catequese tem que ser diferente, ela deve irradiar uma mensagem de sentido porque os seus interlocutores são diversos. A linguagem realmente necessita ser atualizada, mas sem se adulterar, pois há valores permanentes, e estes são inegociáveis.

É necessário buscar orientações na Bíblia, fonte cristã, pois o evangelho traz revoluções e mudanças, ele é Boa Nova para todos a partir dos pobres.

Foi assim com o Apóstolo Paulo, aquele que inovou com seu jeito de evangelizar, buscando, na cidade, seu lugar de moradia, elementos para se fazer entender na mensagem que apresentava. É possível dizer que ele mudou substancialmente os exemplos para a evangelização.  Devemos lembrar-nos de que, nos evangelhos, o ambiente e a cultura apresentados são basicamente rurais, como as parábolas, o trabalho, a natureza etc. Paulo muda esse eixo, levando-o do povoado para a cidade. E é linda a ideia de “corpo” que ele demonstra (cf. 1 Cor 12,4-31), para dizer que cada um tem uma função, um serviço diferente, no trabalho e dentro daquela cultura em que se encontrava.
Pode-se dizer que Paulo foi um verdadeiro catequista e evangelizador, qualidade necessária aos catequistas, pois foi ele um grande testemunho do que Jesus fez e ensinou. Paulo, diante do desafio da cidade grande, formava comunidades. Falava em cidades com milhares de habitantes, como Atenas, Éfeso, Corinto etc. Mesmo acolhendo o diverso, não perdia o essencial, não relativizava nem a liberdade nem a salvação em Cristo (cf. Gl 5,1). Essa é a mensagem que Paulo sempre defendeu e transmitiu nas diversas situações, inclusive de discórdia com Pedro e com os notáveis de Jerusalém (cf. Gl 2,1-10). Era um homem muito dinâmico e não descuidava nunca do anúncio verdadeiro de Jesus.
É bom visitar as Cartas Paulinas, pois elas estão em contextos que podem assemelhar-se a alguns dos problemas atuais. Atualmente, o mundo se apresenta bem pluralista, com muitas igrejas discursando sobre um sagrado fascinante e misterioso, e há uma mudança de valores que demonstra transição para outra época. Também naquele tempo estavam acontecendo grandes mudanças. O Império Romano mesclava-se com o mundo grego, buscando nele a cultura urbana dos teatros, dos jogos olímpicos, dos banhos públicos. Havia também as praças, que eram lugares de trocas de idéias e filosofias, um mundo extremamente masculino (cf. Gl 3,28). Paulo traz o evangelho vivo de Jesus Cristo e o expande na sua mensagem para essa nova cultura com todos os seus desafios, inclusive da linguagem. Assim, ele levou o evangelho da cultura judaica para a Ásia, a Europa e a África.

As cartas de Paulo apresentam problemas existenciais, como a própria catequese com adultos, em que ele vai conduzindo diferentemente à medida que se apresentam os problemas e questionamentos, diferenciando o que era cultural e o que era essencial da fé. Algo bem possível de fazer na catequese hoje, como ele mostrou. Não que seja fácil, mas possível.
A grande finalidade da catequese é que cada pessoa cristã possa, um dia, dizer como Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20a).

QUEM É O SUJEITO, A META E O AMBIENTE DA CATEQUESE?

A comunidade cristã é o sujeito, o ambiente e a meta da Catequese. Família, Catequese e Paróquia, assumem, em comunhão, a responsabilidade por criar o ambiente, onde a fé de cada um possa crescer com o testemunho dos outros, esclarecer-se com a ajuda dos demais, celebrar-se em comum e manifestar-se a todos. Ninguém cresce sozinho e pelas suas mãos, como ninguém cresce na fé, sem a fé dos outros e sem a graça de Deus.

É no testemunho vivido da fé, que a Catequese encontra a sua base de apoio!

Entre os vários modos e momentos de evangelização, a Catequese ocupa um lugar de destaque.

Ela preocupa-se por anunciar a Boa Nova, àqueles que, de algum modo, já foram, ao menos, alguma vez, sensibilizados, seduzidos, ou tocados pela beleza da pessoa de Cristo. Espera-se que, de um modo organizado, esse primeiro anúncio, seja, a seu tempo e com largo tempo, esclarecido de boa mente, acolhido no coração, e que dê frutos de vida nova. E que essa vida nova seja expressa, partilhada e fortalecida, no encontro fiel da comunidade com Cristo Ressuscitado, na celebração dos sacramentos, particularmente da Eucaristia e da Reconciliação.

Na verdade, a vida cristã é um facto comunitário! *E se alguém, por hipotética ocupação, não pudesse dispensar mais que uma hora, por semana, para “estar com o Senhor”, deveria reservar esse tempo, para a participação na Eucaristia Dominical, que é verdadeiramente o ponto de chegada, o ponto
de encontro e o ponto de partida da vida e da missão da Igreja. A “ catequese” não é “um à parte”, uma “hora” para a educação religiosa ou cívica, como se fizesse algum sentido preocupar-se por não faltar a um encontro de catequese e faltar, sem qualquer justificação, à celebração da Eucaristia e aos compromissos com a vida da comunidade.

A Catequese não é uma “aula” de religião ou de moral, nem se dirige somente à capacidade de aprender e de saber bonitas coisas acerca de Deus, acerca dos sete sacramentos, dos dez mandamentos, da Igreja, da vida eterna. A Catequese propõe uma Pessoa e não uma teoria: “Jesus Cristo é o Evangelho, a Boa Nova de Deus”.

“A mudança de cultura exige catequistas mais bem formados e atualizados para enfrentar a diversidade da época. Terão que entender o mundo do individualismo subjetivista com uma marca de emoção muito grande. Então, o objetivo é formar líderes que toquem os corações e as mentes dos seus interlocutores, os catequizandos”, Dom Paulo Mendes Peixoto.

OS 10 MANDAMENTOS DO/A CATEQUISTA CALABRIANO

  1. Visitar as famílias dos catequizandos .
  2. Aos domingos, ir á Missa com os catequizandos.
  3. Apresentar aos catequizandos a biografia de São João Calábria: Seu estilo de vida, dificuldades, amor aos pobres, seu caminho de santidade.
  4. Ler a Bíblia e saber interpretá-la.
  5. Participar do ministério de liturgia de sua comunidade.
  6. Preparar bem os momentos celebrativos e envolver os catequizandos e seus pais: ( Ex: Missa do primeiro sábado de cada mês, oração antes de começar a o encontro, celebração da Palavra etc).
  7. Ensinar os catequizandos a rezar o terço, a coroazinha da Divina Providência e outras devoções cristãs.
  8. Ensinar a Missa parte por parte aos catequizandos.
  9. Participar dos encontros formativos promovidos pela Paróquia e Diocese.
  10. Confessar-se regularmente.

Pe. Adriano Carminatti,psdp