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MEU VELHO CORAÇÃO REMENDADO

          Conta-se que numa cidade da Itália resolveu-se fazer um concurso de corações. Quase toda a população se inscreveu. Os concorrentes eram de todas as idades, crianças jovens, adultos e idosos.

            Todos exibiam seus corações cada um querendo aparecer mais que os outros. Os corações infantis cheios de energias, os

Meu coração após deixar a Paróquia

adolescentes com seus corações se preparando para a primeira paixão. Entre os jovens corações haviam aqueles cheios de paixão, alguns feridos, outros transbordando de amor. Entre os adultos a situação era mesma, corações felizes, outros tristes. Corações apaixonados outros fechado para sempre pela perda de um grande amor.

            Nos corações com mais experiências havia de tudo. De repente um jovem de coração vigoroso aponta para o coração de um velho e começa caçoar do velho coração, que estava praticamente coberto de remendos.

            – Olha um coração velho de um Irmão chamado Silvio da Silva praticamente coberto totalmente de remendo.

            Todo mundo se voltou para o velho Irmão e caçoavam também. O velho Irmão sem se alterar se aproximou do rapaz e lhe disse:

            – Se aproxime meu rapaz. Você vai perceber que alem dos remendos, meu coração é mais colorido que o seu e de outros. Esses remendos e essas cores não são doenças. É vida. Cada remendo não é bem um remendo é a parte dos corações que amei e que me amaram lá no Brasil, que nós trocamos esse pedacinho agora é meu e um pedacinho do meu coração está no coração de muita gente lá, principalmente na Paróquia São João Calábria, em Campo Grande, MS.

            – As cores representam não dores, mas amores. A vida foi me ensinando que mesmo aqueles que me machucavam, no fundo me amavam, porque era o seu único jeito de demonstrarem o que sentiam por mim. As gotas que você vê não são de chuva e nem orvalho. São lágrimas minhas e das pessoas que amo e que me amaram.

            O jovem com os olhos cheios de lágrimas se aproximou e pediu para que umas gotas de suas lágrimas ficassem ali. O velho consentiu, mas com uma condição: que ele aceitasse um pedaço do seu velho coração e lhe desse o primeiro pedaço do seu coração intacto.

            O jovem aceitou e partir sentia o maior orgulho dos remendos que foram surgindo aos montes no seu coração pleno de vida e energia.

            AMO DEMAIS OS REMENDOS DO MEU CORAÇÃO, eles são parte dos corações deste povo que aprendi tão rapidamente amar e que jamais me esquecerei.

Ir. Silvio da Silva

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AH ESSA CRUZ! AH! ESSE ROSTO

Infelizmente não tive a grande graça que grande parte dos cristãos da Arquidiocese de Campo Grande teve de acompanhar, tocar e carregar a Cruz do BOTEFÉ e o Ícone de Nossa Senhora! Porém estou tendo a grande graça de ver os olhos brilharem, as vozes embargarem de emoção quando falam daquilo que viram, sentiram e viveram ao se aproximarem destes dois símbolos tão simples e tão fascinantes. Não dá para controlar a emoção, quando uma adolescente de apenas 15 anos que a gente encontra no ônibus voltando da escola, depois de um dia cheio e se aproxima e diz quase choramingando de emoção: “irmão eu carreguei a cruz do Botefé”, ou ouvir de outro adolescente, Carlinhos Beal, que narra cheio brilho no olhar e entusiasmado: “saí correndo da aula e fiquei plantado ao lado da cruz na catedral, pois sabia que ela entraria na celebração e alguém teria que carrega-la, fiquei ali pronto para entrar com ela. E entrei carregando-a em meus ombros”.

E ainda tem gente sem coração que diz: “esses jovens de hoje não querem nada com nada”. Quem pensa ou diz isso só pode não ter experiência da cruz. Fiquei sem fala quando a Rafinha me disse: “irmão a minha mãe, grávida de seis meses, andou com a gente todo o percurso do Botefé da Forania Sul, e quando ela, tocou na cruz e no ícone, o Rafinha (maninho que está chegando) se mexeu dentro dela”. Não é por nada não, mas tem muita gente por aí pregando um cristo que dá medo, um cristo sem cruz, mas com o evento Botefé, com a entrega da Juventude que não mede esforço nem sacrifício quando acredita numa proposta, não dá mais para se continuar com esse cristo des-crucificado.

Ah! Essa Cruz! Que parece loucura para os fracos e os falsos crentes, mas que é sabedoria de Deus para os fortes, os crentes de verdade como é a Juventude destas nossas comunidades. Ah! Esse rosto de Nossa Senhora, que acompanhando a Cruz do Seu Filho, faz tanta gente chorar de alegria e de emoção. Fico impressionado, quando dioceses, bispos, paróquias, párocos, comunidades e lideranças comunitárias encontram tanta dificuldade para mobilizar a evangelização, quando um evento como este o Botefé animado por jovens e adolescentes dá show de organização, de luta, de conquistas. Nasceu-me uma grande dúvida neste Botefé e me coloca a questão, mas também convido a todos e todas a refletirem: será que aquilo a quem muitos chamam de falta de vontade da juventude não será falta de referência de lideranças comunitárias e de pastores apaixonados de verdade pelos seus rebanhos? Ficou nítido pelo menos naquilo que pude acompanhar mais de perto, onde os pastores e as lideranças paroquiais e comunitárias caminharam junto com a Juventude, a Cruz e o Ícone passaram como que numa apoteose e marcaram para sempre a vida de uma geração midiática, mas espiritualizada com outro jeito de acreditar e de rezar.

A mesma geração, que assusta muita gente que se sente pura e santa, não está tendo medo de expor a cruz que passou a carregar no peito, e em pleno coletivo entoa o refrão tão antigo e tão jovem do Padre Zezinho, que vai embalar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2013: “no peito eu levo uma cruz, e no meu coração, o que disse Jesus”. E o que ele disse? “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia”, frase que o Saudoso Papa da Juventude, Beato João Paulo II, repetia em 1984, quando confiou a Cruz à Juventude do mundo inteiro.

“Irmão Eu toquei a cruz! Eu carreguei a cruz!” Essas frases continuarão soando por muito tempo em meus ouvidos, para lembrar-me sempre de que a Juventude não é qualquer coisa, pelo contrário, a Juventude é gente que pode e sabe que pode, e não está nem aí para os ressentidos do passado que pensam ou dizem o contrário. Essa é para a minha geração já mais rodada: “não sabemos o que fazer com a Igreja, entreguemo-la nas mãos dos jovens, tenho certeza que eles darão um jeito. E um jeito bem bonito.”.

Campo Grande a Cruz e o Ícone acordaram os jovens! Revitalizaram-nos. Por favor, não os adormeça e pior ainda, não os mate com o tédio da mesmice, da falta de criatividade de nossas pastorais tão enfadonhas.

Está na hora da Igreja parar de preservar o vaso de argila que conduz com tanto cuidado: as estruturas, os dogmas pessoais de párocos e lideranças paroquiais, e dar maior atenção e mais espaço para o tesouro que está no vaso, a JUVENTUDE. Essa Juventude, que não quer só comida, mas quer a vida e a quer como ela é.

Ah! Essa CRUZ!  Esse ROSTO! Esses OLHOS! Essas LÁGRIMAS! Esses SONHOS! Esse JEITO DIFERENTE DE AMAR!

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Este é o Meu Corpo… Este é o Meu Sangue!

Passados apenas três da celebração do Santíssimo Corpo de Cristo, comemorado na quinta-feira, 7, a Paróquia São João Calábria em seis de suas nove comunidades, celebrou o Sacramento da Comunhão para quase trinta adolescentes, que ao longo de bons três outros quatro anos, caminharam se perparando para este momento. A beleza da celebração nas próprias comunidades fica por conta do contato e do comprometimento que o adolescente passa a ter com o povo da sua região.

No embalo da celebração, recordamos o que disse Dom Dimas, Arcebispo de Campo Grande durante a sua homilia na Celebração de Corpus Christi: “a comunhão é sinal de unidade. A maledicência, a fofoca são atitudes diabólicas”. Por isso, a experiência mais profunda da comunhão se vive na própria comunidade, na partilha dos próprios dons a serviço do próprio povo. A partir de agora, este grupo de adolescentes, além do próprio comprometimento com a continuidade da sua caminhada, passa a fazer parte da comunidade, que busca evangelizar do jeito de Jesus. Parabéns aos novos comungantes e às comunidades que se esmeraram em preparem esse momento muito lindo.

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NA TRILHA DA MISSÃO

Seguir Jesus não é moleza! Muitas são as peripécias e artimanhas que se apresentam para desanimar o/a discípulo/a, porém é na força da última expressão do mestre, “não tenham medo, eu estarei convoco até ao final dos tempos”(Mt 28,20), que se ganha força para continuar rumando ao horizonte, na direção da multidão de irmãos e irmãs, que embora trazendo em si a semente do Reino, necessitam ouvir a mensagem divina para que ela  possa germinar (Dei Verbum).

Ide pelo mundo e fazei discípulo/o (Mc 16,15) não é uma proposta, é um mandato para aqueles que acreditam verdadeiramente na Palavra e na Presença do Cristo. Ser missionário não é uma escolha para o batizado é uma obrigação inerente à sua opção em ser filho/a de Deus. Não há salvação para os batizados, que se acomodaram com a simples água do batismo. Não há sacramento sem ação para aqueles que o Senhor concede a graça e a saúde. Não é suficiente doar coisas para a igreja, devolver o dízimo. É preciso doar a própria vida. Devolver de graça o que de graça se recebeu. Não se salva quem por medo ou por tradição comunga semanalmente, mas a salvação é consequência da comunhão da dor e do sofrimento do irmão. Não se salva quem só ouve o chamado e se fecha numa atitude paranoica de intimidade. A salvação vem das bem-aventuranças… (Mt 5, 3-10) vem do eu estava nu, com fome, doente e você se interessou por mim (Mt 25, 31-46).

A palavra discípulo/a significa seguidor/a. caminhar na trilha de. O/a discípulo/a que não se faz missionário/a é igual a Judas, ao jovem rico, a Herodes e toda a corja dos fariseus, que  ouviam o Mestre, achavam bonitas suas palavras, mas não anunciavam porque não acreditavam. Não basta se Padre, Irmão, Irmã, Bispo, Papa, Ministro/a, Liderança para ganhar a vida eterna. Não é suficiente viver santamente os 10 mandamentos. Para ser seguidor/a do Mestre é preciso muito mais. É preciso ser radical: vender tudo o que tem, dar aos pobres e só depois segui-lo ( Lc 18, 18-30). A trilha da missão não suporta fanfarrão/ã, discursos bonitos, estar presente em tudo que dá visibilidade. Na trilha da missão, caminha quem não tem medo de pisar o chão dos pobres. Não se assusta com o grito dos miseráveis, e não foge das mãos calejadas  que se estendem.

A trilha da verdadeira missão não conduz para o altar e nem para o púlpito, mas para a cruz. Primeiro é preciso acreditar na cruz, para depois assumir a eucaristia. Não há corpo glorioso de amor sem o corpo lanhado pelo chicote da dor. Pão sem missão é danação. Missão sem cruz é ilusão. Cruz sem Cristo é perversão.

O/a cristão/ã de verdade além de calos no joelho, gasta também o solado do calçado. Não lhe dói somente as mãos de tanto rezar o rosário, mas lhe dói principalmente as pernas, pelas distâncias percorridas em busca do rosto de Cristo no rosto de tantos/as outros/as irmãos/ãs.

O/a batizado/a, que é missionário/a não conta comunhões e nem ave-marias, mas conta os rostos da Marias, dos Josés, dos Pedros e de todos/as Cristos a quem levou outro jeito de amar, de viver e de sentir.

 PARA REFLETIR

1)   Como estou respondendo ao chamado de ser discípulo/discípula de Jesus?

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